A cidade de Marabá vem sendo locus de grandes investimentos na região desde a década de 1960. Além de exercer funções de sub-centro regional, emergiu como a principal cidade comercial e política do sul/sudeste paraense e a quarta no ranking econômico do Estado. Segundo o IBGE, em 2020, a população estimada era de 283.542 habitantes.
Constitui-se também um importante nó da rede urbana, viária e elétrica na Amazônia oriental, e com destaque para a sua base produtiva assentada na agropecuária, na indústria mínerometalúrgica e no extrativismo vegetal e mineral. Há, nesse caso, uma trajetória histórica a ser considerada no seu processo de formação e de dinamização, que se deu a partir de frentes pioneiras de atividades extrativas, minerais e vegetais, responsável pela formação de oligarquias tradicionais ligadas a atividades como a exploração da castanha-do-pará. Mesmo o declínio da atividade gomífera na Amazônia afetou apenas parcialmente a sub-região de Marabá. A exploração de produtos como a castanha-do-pará no vale do Tocantins-Itacaiúnas, possibilitou certo dinamismo a essa cidade, reafirmando seu papel como sub-centro regional a partir do processo de integração da região, que se consolidou a partir da década de 1960.
Hoje, além de sua importância econômica para o Sudeste Paraense, é notável seu papel como entroncamento aeroviário e rodoferroviário para as cidades menores de sua sub-região. Ademais, a articulação de Marabá com regiões vizinhas, inclusive fora da Amazônia, por meio das novas vias de circulação, fizeram da mesma uma das principais cidades do Estado do Pará e da Amazônia, após os maiores centros urbanos regionais. Assumem importância, nesse caso, as rodovias Transamazônica, PA-150, BR-222 e a Estrada-de-Ferro Carajás, que a articulam a diversos municípios considerados espaços de novas oportunidades econômicas e de investimentos capitalistas. Nesse contexto, de novas redes de circulação, o rio Tocantins, de fundamental importância na formação da sub-região e da cidade de Marabá, tem seu papel econômico relativizado face às novas estratégias de ordenamento territorial. O modelo “rodovia – terra-firme – subsolo” parece confirmar a importância dessa cidade para a nova configuração sub-regional e para uma tendência de “negação do rio” definida pelas novas frentes de expansão econômica. Sua estrutura interna também se mostra complexa. Nela se destaca a combinação entre colonização e exploração privada antiga e nova.
Situada na confluência dos rios Tocantins e Itacaiúnas e próxima de importantes rodovias de articulação nacional e regional, a cidade se estruturou internamente em decorrência de sucessivas frentes agrícolas, pastoris, minerais e industriais, sendo por sua localização – contato da Amazônia com o Nordeste – uma das portas de entrada na região e sede de importantes instituições federais.
Conforme mostra Becker (1990) desde a década de 1980 já apresentava uma estrutura interna tripartite e bem diferenciada, a saber: a) a Cidade Velha, também chamada de Marabá Pioneira, sede da fração regional em declínio e do comércio mais tradicional; b) a Nova Marabá, planejada pela antiga Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, que abriga órgãos do governo municipal, instituições estatais, bancos e com uma ocupação do solo que é um misto entre o planejado e o espontâneo; c) a Cidade Nova, resultado da ocupação mais espontânea, com forte crescimento horizontal ao longo da rodovia Transamazônica e onde também despontam comércios e serviços mais dinâmicos e modernos.
Publicações
1) TRINDADE JR., S-C. C. et alii. Uma cidade média na Amazônia oriental: a centralidade urbano-regional de Marabá no sudeste paraense. In: SPOSITO, M. E. B; ELIAS, D.; SOARES, B. R. (Orgs.) Agentes econômicos e reestruturação urbana e regional: Marabá e Los Ángeles. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2016. p. 27-222. (ISBN 978-85-7983-745-6).
2) TRINDADE JR., S-C. C.; RIBEIRO, R. Marabá: novos agentes econômicos e novas centralidades urbano-regionais no sudeste paraense. In: TRINDADE JR., S-C C. et alii (Orgs.). Pequenas e médias cidades na Amazônia. Belém: ICSA/UFPA, 2009. p. 333-359. (ISBN 978-85-86471-47-6).
3) TRINDADE JR., S-C. C.; LIMA, M. M.; NUNES, D. A. Velha Marabá: mudanças e permanências no centro histórico de uma cidade média da Amazônia brasileira. In: FERNANDES, J. A. R.; SPOSITO, M. E. B. (Orgs.). A nova vida do velho centro nas cidades portuguesas e brasileiras. Porto: CEGOT, 2013. p. 255-270. (ISBN 978-989-8648-01-3).
4) LIMA, M. M.; TRINDADE JR., S-C. C. Marabá: cidade, orla fluvial e vida urbana em transformação na Amazônia. In: MERCÊS, S. S. S.; GONÇALVES, M. V. (Orgs.). Natureza, sociedade e economia política na Amazônia contemporânea. Belém: Editora Naea, 2018. p. 91-117 (ISBN 978-85-7143-168-3).
5) NUNES, D. A.; TRINDADE JR., S-C. C. (Sobre) vivências ribeirinhas na orla fluvial de Marabá-Pará: agentes, processos e espacialidades urbanas. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 15, n. 1, p. 209-238, jun. 2012 (ISSN 1516-6481).
6) NUNES, D. A.; TRINDADE JR., S-C. C.; CARDOSO, S. M. De “cidade dos notáveis” a “cidade corporativa”: aspectos do circuito superior da economia urbana em Marabá (Pará). Papers do NAEA, Belém, n. 335, p. 3-26, dez. 2014 (ISSN 15169111).
7) NUNES, D. A.; TRINDADE JR., S-C. C.; TRINDADE, G. O. Cidades médias na Amazônia brasileira: da centralidade econômica à centralidade política de Marabá e Santarém (Estado do Pará). Confins, Revue Franco-Brésilienne de Géographie, Paris, n. 29, n. p. 2016. Disponível em : http://journals.openedition.org/confins/11376 (ISSN 1958-9212).