ESPAÇO E CONSUMO: UMA ANÁLISE ESPACIAL DA DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DE COMÉRCIO E DE SERVIÇOS NO BRASIL
Cleverson Alexsander Reolon e Eliseu Savério Sposito
O objetivo da pesquisa realizada foi analisar as dinâmicas locacionais
implementadas pelas empresas que atuam nos setores de comércio e de
serviços. O recorte temporal acabou sendo condicionado pelas circunstâncias
metodológicas a que estavam consubstanciadas as informações econômico-
geográficas que marcavam o limiar das mudanças macroeconômicas
fomentadas na primeira metade da década de 1990. Tais informações referem-
se às quantidades de empregos e de estabelecimentos formais existentes
nos municípios brasileiros nos anos de 1995 e 2005, sendo provenientes
da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A decomposição analítica
dos dados foi contraposta e combinada às discussões que tratam das
práticas de consumo no Brasil, à reestruturação produtiva e econômica, à
divisão territorial do trabalho e à reestruturação urbana e das cidades, entre
outros temas correlatos. Trata-se, assim, de uma pesquisa que abordou a
temática da reestruturação produtiva, sobretudo a dimensão espacial desse
processo. Especificamente, analisa-se a distribuição dos empregos e dos estabelecimentos
de comércio e serviços pelo território brasileiro enfocando-se,
especialmente, o papel desempenhado pelas cidades médias quanto à
localização dos mesmos.
Algumas questões consubstanciaram a problemática que fundamenta
a abordagem do tema em questão, levando-se em conta que, embora
a reestruturação econômica esteja na base e se possa afirmar que a desconcentração
espacial das indústrias tenha forte implicação sobre a reestruturação
urbana, a reestruturação econômica explica parcialmente as dinâmicas
urbano-regionais de tempos recentes, já que, conforme o geógrafo Milton
Santos, a circulação e o consumo imperam sobre o processo de produção.
Mas, quanto ao Brasil, não está claro quais são as atividades comerciais e
de serviços que têm contribuído para a alteração da estrutura e complexificação
da rede urbana e nem quais são as cidades e regiões mobilizadas no
âmbito das novas dinâmicas locacionais das empresas de tais setores.
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