Mocuba

Moçambique | População: 300.628 habitantes (est. 2007)

CoordenaçãoJoão Carlos Lima

A cidade de Mocuba, segundo a Administração do Distrito, do Conselho Municipal e em bibliografia diversa (Boletim Informativo dos Municípios) refere que: a portaria 876 de 10 de agosto de 1918, cria a povoação de Mocuba. Dado o peso na produção agrícola que ostentava na época, em 1919 Mocuba foi desvinculado da circunscrição da Maganja da Costa, passando a sede do Posto Administrativo, com o mesmo nome, estatuto que manteve até 1931, ano em que foi incorporada na circunscrição da Boror, alargando a sua influência ao Posto Administrativo de Mugeba. Devido ao contínuo peso na economia, a vila ascende à categoria de cidade pela portaria nº 87/71 de 12 de Fevereiro.

Três anos após a independência nacional, em 1978, Mocuba foi transformada em sede do Conselho Executivo de Cidade de acordo com a lei n° 7/78 de 22 de Abril. No entanto, a resolução nº 7/87 de 25 de Abril classificou-a como Cidade de Nível “C”. Finalmente, em 1994 a Cidade de Mocuba ganha o estatuto de Distrito Municipal através da lei nº3/94 de 13 de Setembro, revogada mais tarde pela lei nº10/97 de 31 de Maio conferindo-a o estatuto de Município” (Folha informativa dos Municípios II).

O Manual de História de Moçambique, Vol.II (1999) indica que após a Segunda Guerra Mundial, precisamente entre os anos 1945-1965, Mocuba foi registando um acentuado desenvolvimento socioeconómico, dada a sua localização estratégico-geográfica, bem como pelas riquezas naturais e económicas, o que incrementou a produção de plantas fibrosas, nomeadamente, algodão e sisal.

É a sede do distrito de Mocuba e constitui o coração da Província da Zambézia e mesmo do País, localizada na região centro de Moçambique, daí o slogan “Mocuba onde todos os caminhos se cruzam e Moçambique se abraça.

Situada no extremo Centro-Norte do distrito com o mesmo nome, entre os paralelos 16º 30’ de latitude Sul e 35º 50’ de longitude Este (Battino, 2009), na confluência dos rios Licungo e Lugela, a 156 km a Noroeste de Quelimane, cidade capital da província da Zambézia, sendo a segunda cidade e o segundo maior município desta província.

O lugar onde se ergue a cidade fica num planalto e está enquadrado no grupo climático tropical húmido onde a precipitação anual chega a atingir os 1,500 mm (Battino, L. 2009).

A Cidade de Mocuba ocupava, inicialmente, uma área de 32 Km², mas com a requalificação urbana de 2004, resultado do processo de autarcização passou a ocupar 52 Km² quando foram incluídos os bairros Muanaco, Macuvine e Naverua. É limitada a:

  • Norte pelo rio Matebe e as terras húmidas de Tabuanha
  • Sul pelo rio Nacogolone
  • Este, pelos rios Licungo, Lugela e Muindjamuene, na via de acesso para Milange
  • Oeste pelo rio Igaru (CMCM, 2015).

A Cidade de Mocuba possui particularidades geográficas específicas e ímpares. De facto, Mocuba está num corredor nacional (EN1). É uma cidade à beira de dois rios (Licungo e Lugela), de estilo antigo e que se situa num planalto, de uma encruzilhada, com declives relativamente acentuados, o que torna bastante suscetível a erosão que danifica infraestruturas (estradas, pontes, condutas de água e drenagem).

A cidade já foi objecto de um sonho Samoriano por ser o lugar que iria induzir a industrialização do País, daí a instalação do Complexo Têxtil de Mocuba. Esteve, por muitos e longos anos, ligado por uma linha férrea com a sua testa no Porto de Quelimane que teve a sua história.

Hoje, ela conta com duas instituições de ensino médio: Instituto Agrário de Mocuba (IAM) e Instituto Politécnico da Zambézia (IPZ), três instituições de ensino superior: Faculdade de Ciências Agrárias e Silvicultura da Universidade do Zambeze (UniZambeze), o Instituto de Formação Teológica de Mocuba (INFORTEM) e a delegação do Instituto Superior de Gestão, Economia, Comércio e Finanças (ISGECOF). Conta ainda com dois centros de ensino à distância que conferem grau superior, a Universidade Licungo (ULQ) e Universidade Católica de Moçambique (UCM), para a formação de professores do ensino secundário.

Recentemente foi declarada ZEE, esperando que muito brevemente venha atrair mega-projectos. Na sequencia estao sendo erguidos instancias hoteleiras, algumas evidenciando a modernidade (Hotel Sumeia).

A Cidade de Mocuba constitui um nó onde é obrigatório a passagem por ela, quando se pretende deslocar do Norte ao Centro e Sul, de Este a Oeste do País e vice-versa. Esta particularidade lhe confere uma posição geo-estratégica única e bastante vantajosa para o seu desenvolvimento futuro, considerando que:

  • Serve de entroncamento rodoviário, ligando a cidade aos distritos centrais da Zambézia, e as províncias do Norte com as do Centro e Sul, Este e Oeste do País e vice-versa, bem como ao Malawi, passando por Milange;
  • Dotado de um desenvolvimento urbano com equipamentos e infraestruturas sociais características de cidade;
  • Possui uma subestação elétrica que liga as províncias do Norte do país e aos distritos próximos, bem como um sistema de telecomunicações alimentada por fibra ótica para a transmissão de voz, dados e imagem ligando Mocuba ao País e ao mundo. Possui ainda um sistema de telefonia móvel operado por três empresas;
  • É detentora de um parque industrial têxtil, o qual projetava, empregar cinco mil operários diretos e indiretamente a mais de 15 mil famílias que estariam envolvidos na produção e comercialização do algodão;
  • Constitui a capital regional, porque serve de referência aos distritos limítrofes de Lugela, Maganja da Costa, Ile, Namarrói e Namacurra, por oferecer serviços especializados: saúde, educação e finanças;
  • Foi declarada ZEE englobando o Distrito de Mocuba e o de Lugela;
  • Passou a constituir um centro científico de referência para a região Norte da Província da Zambézia, com a abertura das instituições de ensino médio e superior;
  • Apresenta potencialidades para o turismo (cinegético e contemplativo), dadas as paisagens naturais e tem condições de alojamento e outros serviços de apoio ao turismo;
  • Para além destas, a Cidade de Mocuba possui, também, condições físico-naturais adequadas para a expansão habitacional, na direção Nordeste e Sul, pese embora a seu entrosamento com os rios Licungo e Lugela, que constituiu e por vezes constitui descontinuidade ao desenvolvimento.

Tese

LIMA, J.C.M. Conflito entre Saberes na Urbanização: as tradições das comunidades e o planeamento territorial na cidade de Mocuba, Tese de doutorado, Escola Doutoral de Geografia da Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente, Universidade Pedagógica< Maputo, 2016.

Dissertação

Lima, J.C.M. Plano de Estrutura Urbana de Mocuba, Dissertação de Master em Planificação, Gestão Ambiental e dos Recursos Naturais, Fundación General da la Universidad Politécnica de Madrid, Madrid, CEPADE, 2010.

Artigos

LIMA, J.C.M. Urbanização, Territórios e Novos Espaços de Consumo na cidade de Mocuba (no prelo) Anais do IV CIMDPE, Simpósio Internacional sobre Cidades Médias, Vila Rica, Chile, 2021

Lima, J.C.M. Os Circuitos da Economia e as Desigualdades Sociais em Mocuba: Uma Abordagem Espacial e Escalar, III Simpósio Internacional Cidades Médias, 30 Rio de Janeiro – RJ, Anais do III Simpósio Internacional Cidades Médias, UFRJ/ReCiMe, 26 à 30 de abril de 2015 / William Ribeiro da Silva, Maria Encarnação Beltrão Sposito, Maria José Martinelli Calixto e Paulo Pereira de Gusmão (org.) Cidades Médias, Reestruturação Urbana e Redes. Rio de Janeiro, ISBN, UFRJ, 2015.

Matos, Elmer A.C. e Medeiros, Rosa. M.V. Evolução e Distribuição Espacial da População da Cidade de Mocuba, in: Geografia Ensino e Pesquisa, v. 14, nº 3, ISSN 0103-1538, Jul/Dez, Santa Maria, 2010, p. 46-61.

BATTINO, Liana. Programa de Acção para o ordenamento territorial de Mocuba, Imprensa Nacional, Maputo, 2009.

Artigo anterior
Próximo artigo

CIDADES MÉDIAS