A urbanização brasileira

Neste livro, Milton Santos mostra o alcance dos estudos sobre a urbanização brasileira até então e, a partir de diversos dados, obtidos em pesquisas afins, apresenta aspectos desse processo e as tendências que outrora se vislumbrava frente à crescente diferenciação e complexificação do sistema urbano.

Utilizando o enfoque que considera o espaço como instância social e conjunto inseparável da materialidade e das ações do homem ele demonstra que o meio geográfico de então poderia ser caracterizado enquanto um meio técnico científico, em que ciência, tecnologia e informação seriam os elementos que confeririam as novas características do período.

Para o autor, as particularidades de então permitiriam propor a nova dicotomia compreendida entre Brasil urbano e Brasil agrícola em substituição àquela entre Brasil urbano e Brasil rural. Ao analisar o histórico da dinâmica de crescimento da população brasileira ele destaca aspectos da metropolização e do aumento do número de cidades locais e de centros regionais. Enfatiza que as “cidades médias são, crescentemente, lócus do trabalho intelectual, como o lugar onde se obtêm informações necessárias à atividade econômica” (p. 123), destacando que serão, cada vez mais, cidades que reclamam trabalho qualificado, enquanto as cidades maiores, por suas características, “poderão continuar a acolher populações pobres e despreparadas” (123).

Ao final, o autor apresenta várias indagações sobre o processo de urbanização no contexto internacional e destaca a vontade política como elemento de transformação, que pode reverter tendências, já que o modo de resposta do meio técnico científico não é imperativo. Por fim, em relação às tendências da época, ele supõe que a forma como se daria a urbanização dependeria da forma como o trabalho viesse a ocorrer nos próximos anos.

Notas Bibliográficas

SANTOS, M. A urbanização brasileira. 3. ed. São Paulo: Hucitec, 1996.